segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CURAR PRIMEIRO A FERIDA

Quando somos atingidos por uma flecha, não devemos perder tempo buscando saber quem e por que nos feriu. Mas, sim, arrancar a flecha fora e cuidar, o quanto antes, da ferida. Este é o modo budista de lidar com os problemas: focamos a cura ao invés de cultivar a indignação que gera ainda mais dor.

Em vez de responder aos inúmeros porquês, focamo-nos em lidar com a situação de modo a assumir o autocontrole diante de nossos problemas. Afinal, quando não podemos mudar uma situação externa, ainda assim, podemos transformar o nosso modo de encará-la.

Enquanto estivermos contaminados pelo cansaço, pela raiva ou pela indignação, nossas atitudes serão tendencialmente unilaterais ou vingativas. O que o budismo nos alerta é que a primeira coisa a fazer quando recebemos qualquer tipo de agressão é nos interiorizarmos para recuperar o espaço interior.

Mais do que uma percepção mental dos fatos, devemos buscar o equilíbrio interior para que nosso pensamento volte a ser claro e amplo.

Na medida em que nos concentramos em curar a ferida, ao invés de indagar o porquê ela ocorreu, cultivamos o hábito mental de buscar soluções práticas que nos ajudam a nos desvencilhar dos problemas. Deste modo, não ficamos presos ao discurso "ele não podia ter feito isso comigo" que nos leva apenas à paralisia, mas passamos a nos mover em direção à solução interior, o que nos leva a um senso profundo de liberdade de podermos ser quem somos.

O mundo à nossa volta está repleto de informações conflitantes e confusas. Tornamo-nos reféns dos outros enquanto nos deixamos enganchar por seus conflitos.

Para nos desvencilharmos das confusões alheias, precisamos antes de tudo recuperar nosso espaço interior. Esta é a diferença entre gritar para o outro: "Me solta" e dizer internamente: "Eu me solto".
Desta maneira, ganhamos autonomia interior, isto é, recuperamos o prazer e a habilidade de exercitar a nossa própria vontade de nos acalmar. Lama Gangchen nos encoraja a praticar a Autocura quando nos fala: "Basta reconhecermos nossa própria capacidade e ousarmos aceitá-la".

Em seu livro Autocura Tântrica III (Ed. Gaia) ele esclarece: "Para começarmos a vivenciar os níveis mais profundos da Autocura, nossa mente precisa começar a aceitar e usar o espaço interior da forma correta. Temos que compreender que há mais espaço em nossa mente muito sutil do que no mundo externo. Além disso, também precisamos entender que as situações perigosas que hoje vivenciamos são o resultado de causas e condições negativas criadas por nós no passado. É muito importante praticarmos a Autocura, pois se continuarmos a gravar negatividades em nosso espaço interior, embora nosso coração não possa explodir, uma terrível explosão global de negatividade pode acontecer, causando nosso Armagedão individual e planetário".
Para parar de gravar negatividades em nosso espaço interior, precisamos cultivar o hábito de nos interiorizarmos, de ampliarmos nosso espaço interior. Mas a capacidade de nos autossustentar surge à medida em que nos sentimos disponíveis para nós mesmos.

Se não nos sentimos capazes de lidar com certas emoções, devemos buscar pessoas que nos incentivem a lidar positivamente com elas. A solidariedade alheia nos ajuda a sentir e aceitar o que nem mesmo somos capazes de entender.  Encantos e boas energias.


O importante é buscar coerência entre nosso mundo interior e a realidade exterior. Viver bem pressupõe considerar a realidade acima de qualquer coisa.

Ao recuperar o espaço interior, ganhamos uma nova disponibilidade para agir.

Bel Cesar - Psicóloga
 

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

SORRIA E BUSQUE A FELICIDADE


Pode até parecer que ela vem mais facilmente para algumas pessoas do que para outras, mas acredite, a felicidade não é uma benção, obra do destino, nem fruto do acaso ou de contingências externas. A felicidade se conquista. Os pensadores gregos já a relacionavam a atitudes corretas: "A FELICIDADE É CONSEQUÊNCIA DE UMA ATITUDE", escreveu Aristóteles, que considerava esse estado de espírito, algo que chega àquele que sabe fazer sempre o melhor possível de acordo com as suas possibilidades e as oportunidades que a vida lhe oferece. Assim, o segredo da felicidade estaria em uma postura ativa e sábia diante da vida.

Não é razoável, muito menos saudável, no entanto, esperar que a felicidade seja um ESTADO PERMANENTE. Alcançar o bem estar não significa estar feliz o tempo todo e sim ter saúde mental e física para se sentir feliz quando for apropriado ficar feliz e triste quando for adequado ficar triste.
Claro que felicidade gera felicidade, e é bem mais fácil buscá-la na vida quando já se tem uma atitude positiva e os benefícios que ela proporciona não se limitam ao cérebro. Encontrar alegria é uma excelente maneira de combater o estresse e promover o bem-estar do corpo.

Assim como o prazer não é a ausência de dor e o bem-estar não é a ausência de mal-estar, a felicidade não é a ausência de infelicidade.  Possuimos uma série de sistemas cerebrais responsáveis por provocar ativamente o bem-estar, o prazer, a felicidade, como as estruturas do sistema de recompensa. A felicidade tem a sua "assinatura cerebral": emoções positivas inibem o córtex cingulado anterior - um centro de alarme cerebral, e provocam maior atividade elétrica no lado esquerdo do córtex frontal.  Uma vez que o cérebreo constata que está tudo dando certo, a felicidade se espalha pelo corpo.  O prazer resultante de um trabalho bem feito, do toque da pessoa amada, de um presente inesperado, ou de uma piada engraçada se manifesta à medida que a frequência cardíaca se acelera, a temperatura do corpo aumenta ligeiramente, a pele se umedece e a musculatura relaxa. O sorriso, expressão mais evidente do bem-estar, surge de imediato. Quando é genuíno ele parte das regiões do córtex cerebral que cuidam de programas motores, aqueles conjuntos de movimentos, que por meio da repetição, aprendemos a fazer sem pensar.
O sorriso forçado, aquele que damos tantas vezes para as câmeras, é diferente. Ele parte da região do córtex cerebral responsável pelos movimentos voluntários simples do rosto. E essa diferança é também notada por dentro. Os sorrisos voluntários não provocam a ativação do córtex órbito-frontal, portanto NÂO dizem ao cérebro que algo particularmente bom aconteceu.
Isto significa que até podemos sorrir por fora, mas o nosso cérebro sabe que NÃO estamos sorrindo por dentro.


EMBORA A FELICIDADE COMECE NO CÉREBRO, ELA PRECISA SE EXPRESSAR NO CORPO E ESTAMPAR EM UM SORRISO PARA QUE VOCÊ TENHA A SENSAÇÃO PLENA DE FELICIDADE. PRESTE ATENÇÃO NO SEU ROSTO AO LONGO DO DIA.  VOCÊ SORRI COM FREQUÊNCIA?  SABE IDENTIFICAR O QUE O DEIXA FELIZ?
DESCUBRA O QUE O FAZ FELIZ E BUSQUE ISSO PARA A SUA VIDA.


Suzana Herculano-Houzel - Trecho do livro "Fique de bem com seu cérebro"