quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

"QUE VENHA O NOVO!"


"O TEMPO NÃO PÁRA, não pára, não pára," diz o refrão de uma música do compositor Cazuza, já falecido em 1989.  Ele reflete com precisão esse sentimento que vivemos nos dias de hoje com tanta intensidade.  Afinal, mais um ano se passou como um rabo de foguete e cá estamos nós a caminho de mais uma infindável lista de promessas para o ano vindouro. Ufa, de novo?  É o que passa pelas nossas cabeças tão aceleradas.  Pois é, lá vamos nós mais uma vez.  Mas que tal tentar fazer de um jeito diferente, mais suave, com menos cobranças?  Sabemos em nosso íntimo que, uma vez silenciados os fogos do Reveillon, acordamos para um novo ciclo com o cronômetro zerado.  De nada vale revermos planos e estratégias se não aproveitarmos a deixa da virada para efetuar mudanças necessárias.  Sabemos que a vida é incerta, mas, ainda assim, nada nos impede de desenvolver um olhar mais assertivo em relação ao futuro, planejando para que tudo, dentro do possível, seja diferente em todos os aspectos da nossa vida.

"Se o indivíduo não analisa constantemente os movimentos de sua própria trajetória, fica mais suscetível aos chacoalhões da vida", alerta o psicólogo junguiano Waldemar Magaldi Filho.   Ele ressalta que, por representar o fim de um ciclo e o início de outro, a passagem do ano comporta uma carga simbólica indiscutível.

A virada do ano é o momento propício para percebermos se estamos vivendo de acordo com nossos propósitos mais elevados ou apenas sobrevivendo.
O alimento fundamental de toda mudança é a motivação.  Sem ela, a vida se limita a uma série de automatismos, quando na verdade, pode ser muito mais estimulante.

Momentos de introspecção são importantíssimos quando perseguimos a mudança.  Nessas horas conseguimos enxergar com clareza se estamos contentes com o que conquistamos, com o que somos, e também definimos como queremos viver e o que é verdadeiramente importante para nós.

Transformações radicais estão fadadas ao fracasso.  É por isso que tanta gente abandona suas resoluções assim que elas se tornam insustentáveis.  A consistência de um novo hábito (seja ele qual for) advém da maneira gradual com que o implantamos em nosso cotidiano.
Grandes mudanças resultam de uma série de pequenas atitudes cristalizadas ao longo do tempo.  Isso torna o processo mais orgânico, fluido, mesmo que no início seja preciso "pegarmos pelo cangote" até que o processo verdadeiramente se naturalize.

Elaborar uma lista de resoluções poderia ser um bom exercício para essa época do ano se a tática não tivesse caído em descrédito, graças ao comodismo de muitos.  Agora, por que não resgatar os tópicos do ano anterior e reavaliá-los?   Parece que essa proposta soa mais interessante.
Esse balanço nos permite diagnosticar o que foi subestimado ou superestimado no ano que passou.
Em outras palavras, se você depositou expectativas elevadas ou baixas demais em certas áreas da vida.

Um adendo importante.  Muitas vezes, sentimos dificuldades de dar um passo decisivo em nossa vida por motivos que desconhecemos racionalmente.  Na hora de decidir, pesam e muito aspectos inconscientes apenas destrinchados com a ajuda de um analista.

Para que a pessoa possa se autoavaliar sem ser influenciada pelo meio, por seus complexos e automatismos, precisa investir no "AUTOCONHECIMENTO".
Isso posto, partamos para a ação efetiva.

Um feliz 2011 a todos que me dão o prazer de compactuar comigo deste aprendizado.

Beth Gutierres

Referências:
Waldemar Magaldi Filho  (Psicólogo)
Monika von Koss  (Psicoterapeuta)

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

MARKETING PESSOAL



Certamente você já ouviu falar em marketing pessoal, mas, não creio que tenha se convencido da importância de praticá-lo para ser bem sucedido na vida.
Que tal aproveitar o novo ano que está prestes a se iniciar e começar a praticá-lo imediatamente!
O primeiro passo consiste em "mexer" nos porões escuros da mente e jogar fora todas as suas crenças prejudiciais e destrutivas como:

- Dinheiro é sujo.
- Não dá pra ter tudo na vida.
- Quanto mais alto se sobe, maior é o tombo.
- É melhor ser pobre e honesto do que ser rico e desonesto.

Essas crenças negativas foram adquiridas linguisticamente e, portanto podem ser removidas também linguisticamente.  Basta querer e acreditar que afirmações positivas, declaradas com autoridade, podem ser colocadas no lugar das suas crenças negativas.

O passo seguinte envolve autoconhecimento.  Conhecendo-se, você identifica suas aptidões, talentos, fraquezas e medos, tornando-se consciente do seu ponto de partida.  Nesse processo, seja realista.  Olhe-se com o mesmo olhar crítico que você é capaz de lançar sobre outras pessoas. Olhe-se com isenção, sem ser muito duro, nem muito complacente. Procure observar-se de fora, como se fosse o outro.
Por fim, descubra o que os outros pensam e falam sobre você.  Mas, prepare-se, pois existe um verdadeiro abismo entre a imagem que fazemos de nós mesmos e a que os outros têm a nosso respeito.  Faça os ajustes necessários para estabelecer uma congruência entre a sua auto-imagem e aquela que você projeta. Jogue limpo.  Se não souber o que a outra pessoa pensa sobre você, pergunte!

Feito isso, chegou a hora de traçar um plano de ação. Lembre-se:  Marketing Pessoal é um processo de venda em que o "produto" é você.  E para que os "clientes" o comprem, é preciso que você esteja comprometido consigo mesmo.  Não basta uma boa embalagem.  É preciso que o conteúdo seja autêntico!
Você tem que acreditar em cada palavra que diz sobre si mesmo e sobre aquilo que diz que é capaz de fazer, pois se você não acreditar, dificilmente alguém acreditará.

De acordo com a sua área de atuação profissional, é possível determinar um público-alvo, que deve ser cadastrado e mantido atualizado para que você possa colocar em prática uma política de relacionamento. Mas, mais importante que isso são os contatos pessoais que você pode fazer em congressos, cursos e outras atividades pertinentes à sua área de atuação.
Quando se fala em cultivar relacionamentos, nunca é demais lembrar da Lei Paretto e concentrar-se nos 20% que poderão provocar uma melhora de 80% em sua vida.

Uma das coisas mais importantes de um "produto" é a embalagem.  No caso, sua embalagem é o modo de se vestir, a sua postura pessoal e profissional, sua expressão corporal e o que você fala.  Esse conjunto é a sua marca.  Mantenha-se atento ao meio em que estiver inserido, procurando sempre estar adequado a ele, desenvolva suas habilidades de comunicação e mantenha-se sempre atualizado.  Trabalhe para que a sua marca ocupe um lugar de destaque na mente daqueles com as quais você se relaciona, cuidando para que todo o conjunto seja harmonioso e, para que a embalagem e o conteúdo sejam congruentes!
Caso contrário, o resultado pode ser devastador!
(Lair Ribeiro)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

FELIZ POR NADA



Geralmente quando uma pessoa exclama "Estou tão feliz!", é porque engatou um novo amor, conseguiu uma promoção, ganhou uma bolsa de estudos, perdeu os quilos que precisava, ganhou o carro do ano, ou algo do tipo.  Há sempre um porquê.  Eu costumo torcer para que essa felicidade dure um bom tempo, mas sei que as novidades envelhecem e que não é seguro se sentir feliz apenas por atingir metas.
Muito melhor é ser feliz por nada.

Digamos:  feliz porque 2011 vai ser um ano memorável.  Feliz por estar com as dívidas pagas.  Feliz porque alguém o elogiou.  Feliz porque existe uma perspectiva de viagem daqui a alguns meses.  Feliz porque você não magoou ninguém hoje.  Feliz porque daqui a pouco será hora de dormir e não há lugar no mundo mais acolhedor do que sua cama.
Esquece.  Mesmo sendo motivos prosaicos, isso ainda é ser feliz por muito.

Feliz por nada, nada mesmo?

Talvez passe pela total despreocupação com essa busca.  Essa tal de felicidade inferniza.  "Faça isso, faça aquilo."  A troco de que?  Quem garante que todos chegam lá pelo mesmo caminho?

Particularmente, gosto de quem tem compromisso com a alegria, que procura relativizar as chatices diárias e se concentrar no que importa pra valer, e assim alivia o seu cotidiano e não atormenta o dos outros.  Mas não estando alegre é possível ser feliz também.  Não estando "realizado" também.  Estando triste, felicíssimo igual.  Porque felicidade é calma, consciência. É ter talento para aturar o inevitável, é tirar algum proveito do imprevisto, é ficar debochadamente assombrado consigo próprio: como é que eu me meti nessa, como é que foi acontecer isso comigo?  Pois é, são os efeitos colaterais de se estar vivo.

Benditos os que conseguem se deixar em paz.  Os que não cobram por não terem cumprido suas resoluções, que não se culpam por terem falhado, não se torturam por terem sido contraditórios, não se punem por não terem sido perfeitos.  Apenas fazem o melhor que podem.

Se é para ser mestre em alguma coisa, então que sejamos mestres em nos libertar da patrulha do pensamento. De querer se adequar à sociedade e ao mesmo tempo ser livre.  Adequação e liberdade simultaneamente?  É uma senhora ambição.  Demanda a energia de uma usina. Para que se consumir tanto?
A vida não é um questionário de Proust.  Você não precisa ter que responder ao mundo quais são suas qualidades, sua cor preferida, seu prato favorito, que bicho seria.  Que mania de se autoconhecer.  Você é o que é, um ser imperfeito bem-intencionado e que muda de opinião sem a menor culpa.
Ser feliz por nada talvez seja só isso.     (Martha Medeiros)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

O QUE É CARÁTER?

Muitas pessoas me perguntam se acredito em mudança de comportamento, ou seja, se alguém que já teve diversas posturas de absoluto mau-caratismo pode se regenerar e transformar-se em uma pessoa do bem.
Lembro-me sempre de uma pequena história que com certeza você já ouviu falar, mas vou repetí-la aqui:

O escorpião queria atravessar o rio, mas não tinha como. Aí, viu o elefante se preparando para ir para o outro lado da outra margem.  O escorpião pediu ao elefante que o transportasse.  Desconfiado, o elefante respondeu que não, alegando o caráter traiçoeiro do escorpião, que, com certeza usaria contra ele os seus ferrões fatais.  O escorpião ofendido respondeu que jamais faria isso com quem o estava ajudando e que também morreria caso isso acontecesse.  O elefante ingenuamente acreditou e levou o escorpião para a margem oposta.  Quase chegando, antes de descer, o escorpião picou o elefante, que disse:  "Você prometeu!".  E o escorpião respondeu:  "Desculpe, é a minha natureza".

Aqui está a minha resposta para quem me pergunta se eu acredito nessa mudança de comportamento por ex.de Clara (Mariana Ximenes), da novela Passione:  eu NÃO acredito na mudança de caráter de ninguém!

As pessoas podem deixar determinada maneira cruel de agir, mas é como vela adormecida:  soprou um vento, volta a pegar fogo.
Não estou aqui analisando erros que todos nós cometemos às vezes sem a intenção de ferir ou causar um dano maior.  Estou falando de gente ruim, de natureza voltada para o mal.  Essas pessoas, tendem a usar a máscara da bondade, do sorriso, da gentileza, da docilidade.  Da mesma forma que praticam o mal, encarnam a cara de "anjo".

Infelizmente a falta de caráter é uma coisa que não passa com o tempo, só adormece.

Cuidado... não dê carona pra escorpião!!!!

(Beth Gutierres)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

"ESCOLHAS SEMPRE DIFÍCEIS"




"Você precisa escolher cautelosamente suas combinações. As escolhas certas irão valorizar o seu trabalho. As escolhas erradas irão apagar as cores e esconder sua beleza original. Não existem regras a serem seguidas. Você precisa seguir seus instintos e você precisa ser corajoso."




(Livre tradução da fala original do filme "How to make an American Quilt")



Escolhi começar com essa frase tirada de um filme que fez bastante sucesso no ano de 1995. A história de uma moça estudante de mestrado, prestes a casar e construindo um apartamento com seu noivo. Para conseguir terminar sua tese de mestrado ela viaja para a casa de sua avó no interior dos Estados Unidos e vive inúmeras experiências que produzirão mudanças e transformações em sua vida. Conhece um rapaz com quem se envolve, sente dúvidas e conflitos. Paralelamente, se relaciona com as amigas de sua avó que se juntam todos os dias costurando uma "colcha de retalhos" (o american quilt) para lhe dar como presente de casamento. Para este belo e significativo presente (algo típico e cultural americano), a proposta é que cada uma das amigas conte algum detalhe de sua vida e esse detalhe estará marcado na colcha. Uma a uma elas compartilham suas vidas, dores e alegrias, passado e planos e assim tecem o presente e a trama do filme.



Assim, como na colcha produzida com a história de cada personagem, nossa vida também será tecida em meio as nossas escolhas e cada escolha nos levará a caminhos e desfechos variados.



Desde cedo, a vida nos coloca frente a situações de decisões, algumas fáceis e outras nem tanto, cada vez mais complexas à medida que crescemos e amadurecemos. Passamos a vida praticando com nossas escolhas e caminhando por elas e entre erros e acertos percebemos o quanto precisamos cuidar para que sejam saudáveis a fim de que tenhamos uma vida igualmente saudável. As escolhas estão em todas as áreas da vida, acadêmica, profissional, relacional. Todas elas exigem de tempos em tempos que mudanças, alterações ou adaptações aconteçam e para isso buscamos novas combinações.



Como o assunto aqui são as relações, vamos pensar como cada um pode melhorar para compor sua "colcha afetiva". Como algumas vezes dito, o mundo externo de cada um será um reflexo direto do que se passa dentro, quanto melhor e mais saudável, melhor será a vida. Nas relações é o que também acontece, cada par que escolhemos será uma nova combinação, cada uma delas despertará diferentes características em variadas intensidades. Algumas combinações são boas, saudáveis, interessantes e enriquecedoras, isso não significa que tenha que durar para sempre, pode ser passageira ou eterna, mas o que sobressai é o saldo positivo, as boas recordações, boas experiências, trocas importantes, tudo que se aprendeu e cresceu. Por outro lado existem aquelas combinações que fazem sobressair o que há de pior em cada um, potencializa os defeitos, gera sofrimento, empobrece. Como temos o livre arbítrio do caminho que queremos seguir e daqueles que queremos ao nosso lado é fundamental sabermos fazer boas escolhas.



Ao invés de se queixar como eterna vítima, é preciso que cada um se saiba autor de sua própria vida, assuma que suas decisões irão interferir no seu destino e que este não está previamente traçado e sim sendo composto dentro do tempo e de cada passo. Como na frase retirada do filme, as regras nem sempre existirão, e portanto é preciso apostar em cada decisão. Não está pré determinado com qual perfil de parceiro combinamos mais, claro que dentro das características pessoais de cada um algumas personalidades atrairão mais do que outras, mas ainda assim existem imensas variações dentro do mesmo tema.



Uma parte da vida não controlamos, não sabemos como será, surpresas acontecem o tempo inteiro. Entretanto, temos muito mais escolhas do que costumamos aproveitar. Muitos deixam o barco correr e quando não gostam do destino se queixam que nunca chegam aonde querem, poderiam lá trás ter decidido qual caminho tomar antes de começar a jornada. Outros tantos se acomodam ainda que a vida esteja sem graça e desinteressante e igualmente se queixam do ponto onde estão. Enfim, está ao alcance de cada um tornar a vida mais colorida, mais interessante, mais rica, basta que se aproprie dela. A história é sua, os retalhos são seus, as combinações são livres, precisam  apenas que sejam bem-feitas!
(Juliana Amaral - Pscicóloga)