sábado, 30 de abril de 2011

A DIFERENÇA ENTRE "VER E ENXERGAR"


Está preparado para uma surpresa?

Algumas pessoas têm olhos, mas não vêem.

Você pisca vinte e cinco vezes por minuto. Cada piscada leva aproximadamente um quinto de segundo. Portanto, se você faz uma viagem de automóvel que dura dez horas, a uma velocidade de 65 quilômetros por hora, você dirige aproximadamente 32 quilômetros de olhos fechados.

Pois um fato muito mais surpreendente que este é que algumas pessoas passam suas vidas de olhos fechados. Elas olham, mas não enxergam realmente… não questionam… a visão é presente, mas a percepção é ausente. Se a vida fosse uma pintura, veriam as cores, mas não a genialidade das pinceladas. Se fosse uma viagem, notariam a estrada, mas não a majestosa e tremenda paisagem. Se fosse um poema, leriam o que está escrito na página, mas perderiam a paixão do poeta.

As pessoas mais inteligentes podem às vezes estar cegas a uma visão maior, especialmente se isso significa uma grande mudança no Status quo. Até o grande Mark Twain teve dificuldade em discernir entre boas e más visões. Apesar da sua inteligência, ele foi apanhado pela cegueira.

Uma tarde, Twain recebeu a visita de mais um homem em busca de investidores – um inventor carregando debaixo do braço uma engenhoca de aparência estranha. Ansioso e com bastante convicção, o homem explicou o seu invento ao escritor, que ouviu polidamente, mas no final disse que teria que recusar; já havia se queimado muitas vezes.
- “Mas não estou pedindo que o senhor invista uma fortuna”, o visitante alegou.
- “Pode ter a participação que desejar por 500 dólares”. Ainda assim, Mark Twain sacudiu a cabeça. Não estava disposto a se arriscar em uma invenção que não fazia nenhum sentido para ele. Quando o inventor resolveu ir embora com sua máquina, o escritor o chamou:

- “Como é mesmo o seu nome?”
- “Bell”, o homem respondeu, com um traço de melancolia na voz, “Alexander Bell”.

As pessoas sem perspicácia habitam principalmente no reino do óbvio… do esperado… do essencial. As dimensões que as interessam são compridas e largas, mas não profundas. Entenda que isso não é uma crítica às pessoas que não conseguem se aprofundar… mas as que conseguem – e não querem.

Portanto, o desafio proposto a você é: Abra seus olhos! Pense! Aplique! Escave! Escute!

Existe uma imensa diferença entre uma piscada necessária e a cegueira desnecessária.


Daniel Carvalho Luz
Texto adaptado do livro Fênix.

sábado, 23 de abril de 2011

VOCÊ ESCOLHE OU É ESCOLHIDO?




Que a vida é feita de escolhas, não resta dúvida. Escolhemos a todo o momento, seja consciente ou inconscientemente. Inclusive, até a decisão, também consciente ou não, de não escolher, é uma escolha. E algumas vezes, uma das mais perigosas!


Acontece que, por falta de autoconhecimento ou até mesmo por medo de descobrir que o momento é de esperar e de não saber lidar com a ansiedade dessa espera, muitas pessoas se deixam escolher e depois simplesmente se lamentam pelas conseqüências, como se nada pudessem ter feito.

Quando se trata de relacionamentos amorosos, a preferência por se deixar escolher é mais frequente do que imaginamos. Talvez seja a razão por que tantas pessoas se dão conta, depois de algum tempo, do quanto poderiam ter evitado algumas catástrofes emocionais se tivessem sido mais imperativos no momento da escolha, se tivessem dado ouvidos à sua intuição ou aos sinais que a vida mandou... Porque ela sempre manda!

Sim, é verdade que existe um dito popular avisando que “quem muito escolhe acaba escolhido”. Entretanto, o lembrete serve para nos alertar sobre o excesso de críticas, o orgulho exagerado ou a análise que paralisa, que impede a tomada de decisão.

Ou seja, o ideal é aprender a calibrar o coração para que não haja nem negligência no ato de decidir se é hora de exercitar o amor ou de esperar, nem um medo sem sentido de tentar de novo. Pessoas carentes demais, que aceitam qualquer relacionamento para aplacar seu pavor de ficar só e ter de encarar a si mesmo e suas limitações, certamente vão terminar e começar relações sem se questionarem qual o aprendizado, qual o amadurecimento para um futuro encontro que seja mais satisfatório e harmonioso.

Por outro lado, pessoas críticas demais, orgulhosas demais ou que morrem de medo de se entregar a uma relação e vir a sofrer, também pagarão um preço alto, muitas vezes amargando a solidão e se privando da alegria e do privilégio de vivenciar o amor.

Minha sugestão é para que você, em primeiro lugar, tenha muito claro para si o que realmente deseja viver quando o assunto é amor. O que tem para oferecer? Quanto se sente preparado para lidar com as dificuldades que vêm à tona num relacionamento, sejam elas ciúme, insegurança, falta de autoestima, ausência do outro, diferenças de ritmo, etc.? Quanto já aprimorou sua habilidade de se comunicar, de falar sobre o que sente, o que quer e, principalmente, de ouvir o outro e tentar uma conciliação sempre que necessário?

Depois, com um mínimo de autoconhecimento, sugiro que você se questione e reflita sobre sua noção de merecimento e crenças. Quanto você realmente acredita que merece viver um amor baseado na confiança, na lealdade e na intensidade? Quanto você realmente acredita que possa existir um amor assim? Pode apostar: se você não acredita nesta possibilidade, dificilmente vai viver uma relação que valha a pena, simplesmente porque esta opção não faz parte do seu universo.

E, por último, mais do que ansioso ou distraído, mantenha-se tranqüilo e seguro de que o amor acontecerá no momento certo. Nem antes e nem depois. Não é preciso que você busque desesperadamente. Apenas viva a partir do que existe de melhor em você e permaneça presente, atento ao que acontece ao seu redor. E todo o universo estará conspirando a seu favor, porque, afinal de contas, nascemos para amar e sermos amados.


Rosana Braga

sexta-feira, 15 de abril de 2011

TRAIÇÃO




Para qualquer casal a traição quando acontece é naturalmente um motivo de profunda tristeza, ressentimento, frustração, surpresa, brigas.


Em cada cultura a relação com outro parceiro terá um significado próprio, mas nas culturas monogâmicas a relação extraconjugal não é aceita. Vivemos no modelo da monogamia e dentro desse modelo a proposta é de exclusividade na relação e todo terceiro é visto como um intruso, uma ameaça à dupla já formada.

No geral, o triângulo em qualquer tipo de relação costuma trazer confusões e dificuldades, seja entre amigos, no trabalho e acima de tudo na vida conjugal. Nesses cenários se repetem os mesmos movimentos, dois se unem, um se sente de fora, mais adiante a dupla muda e será um outro o excluído. À medida que todos se tornam adultos essa dinâmica passa a ser mais administrável e mais fácil, menos persecutória, mas ainda assim todos conhecem aqueles que não conseguem compartilhar amigos, que não sabem conviver em grupos de trabalho e assim por diante. De toda forma existe, em especial na vida adulta, uma área onde o terceiro não deve nunca existir, nas relações amorosas. Não há crescimento e amadurecimento que leve à uma aceitação desse tipo, somos criados na nossa cultura para sermos fiéis. Compreendemos que quando há uma escolha por um parceiro devem ficar de fora todos os outros e dentro dessa regra e desse desejo seguimos.

Acontece que precisamos perceber que a traição, quando estamos falando de casais adultos, experientes e maduros, na maioria das vezes acontece por determinadas razões, situações, sentimentos, medos, erros que levam a esse desfecho. Acima de tudo costumo acreditar que a traição tem um sentido dentro daquela dupla, ela representa um aspecto adoecido da relação em questão.

Com isso não quero dizer que não haverá dor, ressentimento, profunda tristeza, ninguém em um primeiro momento lida com a traição como um representação de aspectos de uma relação. Ela é vista e sentida prioritariamente como um golpe não anunciado. Poderia dizer que a traição é o último recurso, o último grito de que algo não vai bem, que alguém não está feliz, normalmente os casais já manifestaram suas insatisfações, mas muitas vezes não foram percebidas e eles mesmos as atropelaram. Muitos são maduros o suficiente e conseguem administrar os problemas conjugais de outra forma, brigam, discutem, conversam ou se separam, muitos porém “atuam” a dificuldade, transformam em ato aquilo que não sabem expressar.

Com tudo isso, quero apontar que nem sempre a traição acontece por falta de caráter, por malandragem (usando termos coloquiais) e muitas vezes porque aquele que trai tem uma profunda dificuldade em nomear, verbalizar e até perceber o que está sentindo, que deseja mudanças, que se sente insatisfeito. Claro que podemos sempre dizer que muitos se sentem assim e não recorrem à uma outra relação, o que é absoluta verdade e por isso o sofrimento é ainda maior, quando se está com alguém que não soube ser adulto ou maduro para abrir o jogo e expor suas questões afetivas. Também entendemos a traição como um desejo quase infantil de reparação imediata das insatisfações da vida e como uma fuga da realidade, pois é na fantasia que uma relação extraconjugal se forma e se mantém, a maioria quando confrontada com a realidade não segue adiante.

É possível compreender a traição como um gesto que leva à uma crise entre o casal e se essa crise acontecer em um casal que, apesar de tudo, deseja estar junto, deseja recomeçar, reparar os erros, retomar do ponto de onde se perderam, ela terá por fim uma utilidade, ela servirá como seta apontando para a necessidade de uma nova direção.

Toda crise conjugal tem um significado, uma razão para acontecer, a crise não precisa ser necessariamente o caminho para um ruptura, ela pode, apesar de toda a dor e sofrimento, ser um período que levará à mudanças e transformações, ao crescimento e amadurecimento, em muitos casais ao fortalecimento da relação, à um novo encontro dentro de uma antiga união.

Dra Juliana Amaral